Como lidar com o Estresse?

A palavra “estresse” invadiu o nosso vocabulário e vem sendo amplamente usada na mídia, em expressões atuais como “o estresse da vida moderna” ou “estresse no ambiente de trabalho”.

Mas o que é exatamente o estresse?

  • De acordo com o uso corrente, estresse é qualquer pressão ou esforço experimentado como tal. Na verdade, é a reação adaptativa do corpo a qualquer mudança. A mudança de emprego é uma forma de estresse. A alteração de seu ritmo de vida é outra, assim como a mudança da sua alimentação, do seu ambiente, etc. Qualquer emoção forte, tanto positiva quanto negativa, também é uma forma de estresse.

    Estresse bom e saudável
    Portanto, o estado de estresse não é ruim por si só, se você consegue rapidamente responder de forma apropriada. É um sinal de alarme dado pelo corpo tentando adaptar-se a uma nova situação. Esse é o estresse bom. É algo em que você deve prestar atenção, como a dor que o protege de danos físicos. No nível fisiológico, esse sinal de alarme é manifestado por meio da liberação de adrenalina e de noradrenalina para fornecer a energia necessária a uma resposta adequada. Estresse bom é, na realidade, um estimulante.

    Estresse ruim: da resistência à exaustão
    Quando a situação geradora do estresse persiste ou se repete em intervalos regulares, o seu corpo se adapta liberando cortisona – essa é a chamada fase de resistência. Mas o seu corpo também pode estar muito sobrecarregado e responder por meio de uma redução no ritmo do metabolismo geral. Durante essa fase, conhecida como exaustão, o seu corpo torna-se vulnerável. Isso é manifestado como uma maior suscetibilidade a doenças e queda da imunidade. Essa persistência ao longo do tempo é danosa, sendo denominada de estresse ruim.

    Sintomas de Estresse
    Um estado de estresse pode expressar-se como sintomas biológicos bastante incapacitantes: inabilidade de dormir bem, taquicardia, problemas respiratórios, dor de estômago etc.
    Também pode manifestar-se sob a forma de distúrbios de comportamento, como irritabilidade, falta de atenção, perda de apetite (ou, ao contrário, bulimia), tabagismo e o hábito de roer unhas.

    Quando a memória é perturbada:
    As emoções geradas durante o estado de estresse afetam negativamente a sua capacidade de atenção e de concentração, essenciais para qualquer função da memória. Como você está focado naquilo que o está perturbando, perde a noção da informação da qual quer se lembrar. Em 70% a 80% dos casos, o esquecimento provém de problemas com a percepção ou a atenção. Mas se os efeitos do estresse estão em evidência durante o processo de memorização, também são um fator de inibição no processo de recuperação: emoções causam interferências e tensão nervosa pode determinar um bloqueio de memória.
    Quem nunca experimentou o “medo do palco” durante uma aparição pública? Os atores conhecem muito bem a sensação de “dar um branco” antes de subir ao palco. O medo de esquecer pode gerar estresse suficiente para paralisar por completo todos os circuitos da memória – mas apenas por alguns momentos. Você só precisa engrenar a máquina, recomeçando a falar, para que o “medo do palco” desapareça e o seu sistema de memória comece a funcionar normalmente de novo.

    Ansiedade
    A ansiedade, que é simultânea ao estresse, também atrapalha os circuitos da memória. Não conseguimos viver no presente, porque o cérebro funciona por meio da antecipação, vendo o futuro sob uma luz bastante negativa – “e se aquilo acontecer, o que farei?”. Pensar sobre o futuro dessa forma dissocia-o do seu ambiente imediato e impede a absorção de nova informação.
    Em geral, qualquer baixa de estima surte efeito na memória. Colocado de forma simples, isso decorre da queda de energia vital que se segue a qualquer episódio depressivo, e o ato de lembrar-se – prestar atenção, concentrar-se, fazer associações e criar imagens mentais, consolidar informação, repeti-la etc. – requer muita energia.
    Por essa razão, os problemas com atenção e concentração afetam a memorização. Assim, não devemos dar pouca importância a esses momentos. Devemos desconsiderar comentários como “controle-se” e outros conselhos moralistas de natureza semelhante, e não hesitar em procurar ajuda para recuperar a energia necessária, a fim de lidar com a situação. O tratamento efetivo, baseado em apoio psicológico e/ou antidepressivos, já está disponível.

    Como lidar com o estresse?
    Identifique as fontes de estresse na sua vida e pergunte a si mesmo quais delas podem ser evitadas.
    Aprenda a se poupar (não tente fazer tudo sozinho, deixe os outros o ajudarem).

  • Distancie-se, não reaja sem pensar bem antes e evite agir de forma emotiva. Seja qual for a tarefa a ser realizada, é a forma como você aborda as coisas que acaba por gerar ou não um estado de estresse.
    Não guarde as suas preocupações para si; compartilhe-as com alguém confiável e gentil, que tenha uma perspectiva positiva.
    Aprenda a cuidar de si próprio, a fazer o que você gosta, a permitir-se desfrutar de momentos de relaxamento (tratamentos de beleza, excursões etc.).
    Participe de atividades que aliviem o estresse e que sejam prazerosas e revitalizantes: aquelas que envolvem movimento físico (dança, tai-chi, escaladas e esportes) são particularmente recomendadas.
  • Aprenda a desacelerar, pois isso descansará tanto seu corpo quanto seu espírito (tente ioga, relaxamento, sestas, caminhadas relaxantes, etc).Jogos mentais têm um efeito calmante quando incluem relaxamento físico e o fazem perder a noção do tempo, ao passo que jogos baseados em atividade manual podem reduzir o estresse. Mas lembre-se de que videogames podem ser mais estressantes do que relaxantes! Já os jogos em equipe são capazes de produzir uma sensação de bem-estar e promover diversão conjunta, mas sem ser exigentes, impor limitações de tempo ou alimentar a competitividade. Quando tais jogos envolvem atividade física, é preferível que os participantes se conheçam bem, a fim de evitar constrangimentos.

    Benefícios do Relaxamento

O relaxamento é uma técnica baseada na auto-sugestão, na qual você direciona a sua atenção para as sensações corporais. Ao concentrar-se dessa forma, acalmando e controlando o fluxo constante de imagens mentais e repelindo pensamentos negativos, induz-se um estado de relaxamento. Além disso, a prática regular dessa técnica de relaxamento serve para treinar a mente a manter o foco no momento presente. Na vida cotidiana, essa abordagem promove um estado de espírito calmo, concentração e receptividade, que são fatores essenciais para o bom funcionamento da memória.

Técnicas de relaxamento:

Sente-se numa cadeira confortável, vestindo roupas folgadas. Deixe as pernas levemente separadas, os pés – descalços ou calçando chinelos – inteiramente encostados no chão, a bacia ligeiramente projetada à frente, as costas retas e junto ao encosto, a cabeça alinhada com a coluna. Descanse as mãos sobre as coxas, com as palmas voltadas para cima.

Observe ao redor por alguns instantes e, em seguida, feche os olhos.

De olhos fechados visualize a decoração e ouça os barulhos ao redor, se houver, para incluí-los neste momento de relaxamento.
Preste atenção às suas sensações corporais. Há algum sinal de tensão? Tente localizá-los. Depois verifique o ritmo da sua respiração: está acelerado, lento ou moderado?

Em seguida, concentre a atenção nos pontos em que seu corpo está apoiado na cadeira – coxas, nádegas, costas – e no chão. Solte o corpo, apoiando-se mais intensamente nessas áreas, como se precisasse se espalhar para ocupar mais espaço na cadeira. Relaxe todos os músculos de forma alternada, concentrando-se sucessivamente nas seguintes regiões: testa, olhos, bochechas, queixo, couro cabeludo, pescoço, ombros, braços, mãos e todos os dedos. Deixe essa sensação de relaxamento fluir como um rio e penetrar por suas costas, tronco, estômago, toda a região pélvica, nádegas, descendo até os pés. Experimente e acolha as novas sensações que aparecem.

Agora volte sua atenção à respiração. Comece a respirar lenta e profundamente. Aspire o ar e imagine-o seguindo até o baixo abdome; depois expire como se estivesse liberando o ar diretamente dessa região. Repita o procedimento seis ou sete vezes e retorne à respiração normal. Experimente e acolha as novas sensações que surgem.

Nesse estado de relaxamento, deixe uma imagem que transmita calma e serenidade invadir sua mente. Visualize seus detalhes – cores, luzes, sons.

Desfrute dessa imagem e das sensações que a acompanham.

Quando quiser, deixe a imagem desaparecer lentamente; depois volte a atenção, mais uma vez, às suas sensações corporais. Visualize partes da decoração ao seu redor. Comece a respirar mais rápido. Em seguida, lentamente, comece a mexer suas extremidades – os pés, as mãos, a cabeça e, finalmente, os outros músculos. Espreguice o corpo como se estivesse acordando. Por último, abra os olhos.

Respirando para oxigenar o cérebro, siga as instruções apresentadas acima para relaxar na posição sentada.

Quando chegar ao estágio da respiração lenta e profunda (6), imagine, a cada respiração, o ar fresco entrando pela narina direita, passando pelo hemisfério cerebral direito, aquecendo-se à medida que atravessa o hemisfério esquerdo, até sair, mais quente, pela narina esquerda.

Respire dessa forma três ou quatro vezes e depois inverta o processo: o ar fresco entra pela narina esquerda, passa pelo hemisfério cerebral esquerdo, é aquecido enquanto atravessa o hemisfério direito e sai, muito mais quente, pela narina direita. Respire desse modo três ou quatro vezes e volte à respiração normal.

Aproveite e acolha as novas sensações que se manifestam, principalmente na sua cabeça.

Postado por: Dra. Ana Cláudia Foelkel Simões

Psicóloga e Terapeuta

(11) 97273-3448

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